
Frank Tynesk, CEO da Industrial Designers Society of America (IDSA), em sua breve passagem pelo Brasil em junho passado, disse que enquanto os anos 80 foram marcados pela busca da qualidade nos produtos, os anos 90 representaram o início da tendência de personalização. Ainda segundo o CEO, agora, nos anos 2000, ocorreu a convergência desses dois pontos. O design saiu das pranchetas de objetos de decoração, vestuário e automóveis e chegou às mesas dos projetistas de computadores. Apesar de parecerem recentes, os microcomputadores existem há algumas décadas. A evolução de seu desenho foi gradativa e, hoje, atingiu o ponto da personalização.
Não é necessário aprofundar muito em nossa memória para visualizar as únicas opções de personalização das máquinas oferecidas até pouco tempo: processador, memória RAM, discos rígidos e outras configurações internas.
Com a chegada de um sistema operacional mais acessível e amigável na metade dos anos 90, juntamente com a evolução dos processadores e das placas de vídeo, a personalização atingiu a área de trabalho, com a possibilidade de usar fotos, imagens e animações como papel de parede e proteção de tela. Entretanto, externamente, seus gabinetes continuavam padronizados e monótonos.
No final desta década, surgiram então os primeiros movimentos para desenhos externos mais atrativos e inovadores, mas ainda restritos aos estúdios de designers e profissionais de publicidade e artes. De simples máquina de trabalho, o computador ganhou status de objeto de decoração, imprimindo ao local e/ou ao seu usuário mais personalidade.
O que se observa atualmente é a customização da aparência do equipamento. Além das configurações internas, que se adéquam às suas necessidades, o consumidor pode escolher cores, padronagens, formatos e aparatos tecnológicos que agregam valor e distinção às máquinas, que se tornaram praticamente extensão da personalidade do dono. Hoje, é possível encontrar notebooks e desktops coloridos, com desenhos em seu exterior, texturas diferenciadas, detalhes arredondados ou retos, aparência descolada, sofisticada ou comportada.
Os fabricantes buscam oferecer ao mercado equipamentos que se ajustem aos diferentes estilos de vida dos consumidores, fazendo com que os equipamentos tecnológicos mostrem um pouco do perfil de seu usuário e estejam perfeitamente adaptados à sua realidade.
Odmar Almeida, Diretor de Marketing para Consumer da Dell Brasil, conta que se traçarmos um paralelo com o universo automobilístico, os automóveis, até a década de 1980, tinham faróis retangulares ou redondos e desenhos pouco inspiradores, mais pela falta de tecnologia do que ausência de criatividade dos projetistas. No caso dos computadores, existia também uma limitação tecnológica para ousadias e experimentalismos. Mas hoje já é possível guardar o mesmo volume de dados de um HD convencional dos anos 1990 em um em cartão de memória com menos de dois centímetros de comprimento! Isso favorece o desenho de equipamentos menores, mais finos e leves, agradando também visualmente os consumidores.
Mas o que podemos esperar do design na área de tecnologia para os próximos anos?
Odmar aponta como tendências as novas experiências de interação e portabilidade, com placas cada vez menores e mais eficientes em termos de desempenho e consumo energético, telas com cores mais vivas e mais finas e materiais que agridam menos ao meio ambiente. Aliado a isso tudo, o cuidado com o exterior deixará de ser uma exceção à regra entre tantos modelos padronizados e chegará também ao mercado corporativo. “A partir daí, a customização atingirá o ápice do seu conceito, deixando de ser um diferencial para ser se tornar apenas mais um item de escolha do consumidor”, diz Odmar.
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